Reforma Tributária e combate à corrupção: o que muda de fato

Nos últimos meses, a Reforma Tributária voltou a ganhar destaque no noticiário, principalmente após operações policiais que expuseram esquemas de propina ligados à liberação de créditos de ICMS. O episódio mostra como a complexidade do sistema atual abre brechas que podem ser exploradas de forma ilegal. Mas afinal, como a reforma pode ajudar a fechar essas portas?

O que motivou o debate

Um esquema de cerca de R$ 1 bilhão em propina envolvendo créditos de ICMS foi revelado recentemente. A investigação apontou que empresas de grande porte pagavam vantagens indevidas para acelerar ou ampliar ressarcimentos. O caso expôs um problema antigo: a lentidão e a falta de padronização na análise desses créditos.

Como a Reforma Tributária entra nessa história

A Emenda Constitucional nº 132/2023 e a Lei Complementar nº 214/2025 deram início a uma transição que vai até 2033, substituindo a atual “sopa de letrinhas” (ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI) por dois tributos principais:

  • CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços (federal)

  • IBS – Imposto sobre Bens e Serviços (estadual e municipal)

Essa mudança cria um sistema mais simples, transparente e padronizado.

Três pontos-chave da nova estrutura

  1. Split payment (“Pix dos impostos”)
    Parte do valor pago na compra vai direto para os cofres públicos no momento da transação. Isso reduz espaço para inadimplência e negociações indevidas.

  2. Comitê Gestor do IBS
    Um órgão nacional será responsável por padronizar regras e administrar o IBS, evitando decisões diferentes em cada estado.

Prazos para devolução de créditos
A nova lei estabelece prazos máximos: até 60 dias em alguns casos e até 270 dias nos demais, com pagamento de juros (SELIC) em caso de atraso. Assim, cai o incentivo para “furar fila” de forma irregular.

Como isso ajuda a reduzir riscos de corrupção

  • Menos burocracia, menos margem para manobras.

     

  • Regras unificadas e transparentes.

     

  • Processos automatizados que reduzem a dependência de despachos manuais.

     

É claro que nenhuma lei elimina por completo a possibilidade de fraude. Mas com mais simplicidade, automação e prazos claros, o espaço para irregularidades fica cada vez menor.

O que as empresas devem observar agora

  • Revisar controles internos: acompanhar créditos e pedidos de ressarcimento com documentação organizada.

  • Preparar sistemas: adaptar ERPs e processos para o split payment.

  • Mapear impactos da transição: até 2033, conviveremos com dois sistemas em paralelo.

Manter atenção às novas regulamentações: ainda haverá normas complementares nos próximos anos.

Conclusão

A Reforma Tributária não é apenas uma mudança de siglas e tributos. Ela representa um passo importante para criar um sistema mais justo, transparente e menos vulnerável à corrupção. Para empresas, entender desde já como as regras vão funcionar é essencial para garantir conformidade e aproveitar corretamente os créditos a que têm direito.

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Contabilidade

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